Segunda-feira - 09/03/2015
Pinturas rupestres em SJDR serão tombadas

Há muito tempo, muito antes do período colonial e da criação de São João del-Rei, que em 2014 completou 301 anos, alguns de nossos ancestrais passaram pelo local hoje é conhecido como a Serra do Lenheiro e deixaram gravados nos paredões de quartizito a sua história. Agora essas memórias fazem parte do Patrimônio Nacional e estão passando por processo de tombamento feito pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural.


Segundo Rodrigo Magalhães, capitão do 11° Batalhão de Infantaria de Montanha (11° BI Mth), o sítio arqueológico da Serra do Lenheiro foi descoberto na década de 1980, quando os militares compraram a área para realizar seus treinamentos. “As pinturas estão localizadas em um paredão com aproximadamente 10m de largura e, para protegê-las, isolamos a área e não fazemos treinamento lá”, afirmou.

Além disso, ela fica a aproximadamente 6km do centro da cidade, mas por se tratar de espaço militar é preciso ter permissão prévia para chegar até o sítio.

Embora estudados desde 2009 por um projeto da Universidade Federal de São João del-Rei, os desenhos rupestres ainda não passaram por processos de datação, mas segundo um dos integrantes da pesquisa, o professor do curso de Artes Aplicadas da UFSJ, Cristiano Lima Sales, existem pinturas semelhantes que foram datadas entre 9 mil a 6 mil anos atrás. “Nas pinturas temos possíveis representações de humanos e de animais quase sempre agrupados. São desenhos de tamanho medianos a pequenos, feitos com pigmento vermelho vivo e que se mantêm bem preservados, apesar da sua antiguidade. Certamente foram feitas por uma comunidade indígena, mas não é possível saber que tribo era essa estudando apenas suas pinturas”, explicou Sales.

Tombamento

Vários estudos da área têm sido feitos pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural em conjunto com a Secretaria de Cultura e Turismo e o Ministério Público para que o sítio arqueológico seja tombado e, assim, preservado. Segundo a presidente do Conselho, Ruth do Nascimento Viegas, os primeiros passos para que ocorra o processo já foram dados. “Tivemos vários arquitetos nossos visitando o local junto com representantes da Secretaria de Cultura e da UFSJ. Na última semana mesmo uma arquiteta do conselho esteve no local. Mesmo assim, ainda não temos uma data certa para o tombamento, pois é um processo bem complexo que passa por várias pessoas e pelo Governo, demandando algum tempo” afirmou Ruth.

Importância

Mesmo com toda a burocracia em volta do tombamento, o sítio arqueológico da Serra do Lenheiro segue com status de prioridade protetiva. “Essa área é importantíssima para nós são-joanenses, pois ela pode se tornar um grande centro de estudos resgatando ali o que foi deixado pelos nossos antepassados”, destacou Ruth.

Para Sales, que juntamente com os outros integrantes da pesquisa publicaram diversos artigos sobre o local e sobre o estudo da Arte Rupestre em Minas Gerais, as pinturas rupestres encontradas em São João tornam ainda mais interessante e rica a história cidade. “É uma prova da existência de populações indígenas na região, muito antes do período colonial. O sítio arqueológico do Lenheiro deve ser entendido também em comparação com outros que existem no Campo das Vertentes como um local que preservará os vestígios de nossos antepassados”, afirmou o professor. E concluiu: “É preciso frisar que todos os sítios são parte do Patrimônio Nacional do nosso país e, no Brasil, há um conjunto de leis que regulam a preservação e a visita deles. Sendo assim, é importantíssimo preservá-los, para manter viva essa parte essencial de nossa história”, disse.

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