MANAUS – O Parque Estadual de Monte Alegre, no Pará, guarda sítios arqueológicos onde estão vestígios da arte milenar da pintura rupestre. Em todo o Estado, são mais de 100 sítios registrados com pinturas rupestres e, as mais antigas, feitas por volta de 11 mil e 200 anos atrás. A preservação dessa herança está em xeque nos últimos anos. As ameaças vêm da dinâmica da natureza, como os efeitos do sol, do vento e da chuva, mas, também e principalmente, devido à ação humana, que destrói os registros ancestrais por meio da pichação.
A arqueóloga Edithe Pereira, pesquisadora do Museu Goeldi, conta que o Parque foi criado em novembro de 2001, por uma lei estadual, como uma Unidade de Conservação Integral, gerenciada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). No entanto, a medida não basta para a preservação dessa herança. “São necessárias estruturas para viabilizar o funcionamento do Parque, de modo a garantir a proteção do patrimônio arqueológico”, argumenta.
Somente a região de Monte Alegre conta com 20 sítios com pinturas já localizados, além de paredão com várias gravuras, submersas na maior parte do ano pelo rio Maicuru. O Museu Goeldi destaca as pinturas do Parque pela supremacia da temática antropomórfica e pela presença de representações gráficas visíveis unicamente com a ajuda de luz artificial.
Outra característica interessante é o aproveitamento de orifícios, arestas ou protuberâncias das rochas no uso dos desenhos para contribuir na composição das figuras, dando volume ou compondo as imagens, como o desenho de faces humanas sobre projeções angulares de rochas, por exemplo.
De acordo com dados do projeto “Arte rupestre em Monte Alegre – Difusão e memória do patrimônio arqueológico”, sabe-se que os autores da arte rupestre em Monte Alegre foram homens modernos (homo sapiens sapiens), mas há dificuldades em identificar a que tribo pertenciam. O principal motivo para isso é o fato de que existem poucos indígenas vivendo nesta região e, quando isso ocorre, a tribo local não assume a autoria dos desenhos.